Reconhecido nacional e internacionalmente, o escritor Antônio Torres,
hoje morador de Itaipava, é o mais novo membro da Academia Brasileira
de Letras, eleito para a cadeira 23, vazia desde a morte de Luiz Paulo
Horta.
Aos 73 anos, Antônio Torres é hoje um dos mais importantes nomes de
sua geração, sendo autor de grandes obras. No total são 11 romances,
entre eles, Um táxi para Viena d'Áustria, Essa terra, Um cão uivando
para a Lua, Os homens dos pés redondos, Balada da infância perdida, Meu
querido canibal, O cachorro e o lobo, Pelo fundo da agulha O nobre
sequestrador; além de um livro de contos, um livro para crianças, um
livro de crônicas, perfis e memórias. Isto sem falar nos dois projetos
especiais: um sobre o centro do Rio de Janeiro, que rendeu um
documentário para a TV Cultura, e O Circo no Brasil, da série História
Visual, da Funarte.
Entre seus sucessos, está a narrativa Essa Terra, que trata da
questão do êxodo rural dos nordestinos, com o sonho de uma vida melhor e
diferente nas grandes metrópoles do país. Considerado uma obra-prima, o
livro ganhou, em 1984, uma edição francesa, o que abriu os caminhos
para a carreira internacional de Antônio Torres. Assim, tem obras
publicadas em países como: Portugal, Argentina, França, Alemanha,
Inglaterra, Itália, Estados Unidos, Israel, Espanha, Cuba, Holanda e,
mais recentemente, Bulgária, Albânia, Romênia e Vietnã.
Com toda esta bagagem, o romancista já havia se candidatado por duas
vezes para ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, mas, até
então, não havia chegado a hora.
“Perdi, mas entendi. Desta vez foi diferente. Eu senti que havia uma
grande corrente interna para eleger um romancista e os prognósticos
apontavam a minha escolha”, conta o escritor, orgulhoso, eleito,
praticamente, por unanimidade.
“Encaro isto como uma consagração. Percebo agora o quanto a Academia
Brasileira de Letras vai fundo no imaginário popular. Estou muito feliz.
Foi uma espécie de renascimento”.
O sonho de criança: ser escritor tornou-se mais que realidade para o
menino que veio do mundo rural, de um lugarejo chamado Junco, no
interior da Bahia.
“O contato com meu primeiro livro foi mágico”, relembra Torres,
contando que já no ginásio mudou-se para uma cidade maior, onde, junto
com os amigos, criou um jornal, que logo revelou seu talento e o levou
para um impresso da capital. Um ano depois foi para São Paulo trabalhar
no Última Hora. Anos depois decidiu dedicar-se à publicidade e foi morar
em Portugal.
“Na verdade o objetivo de tudo isto era mesmo a literatura. Estes
foram os meus campos de treinamento”, diverte-se ele, que ao longo da
carreira de escritor viveu dois outros grandes momentos. Um no ano de
1998, quando foi condecorado pelo governo francês, como “Chevalier des
Arts et des Lettres”, por seus romances publicados na França até então
(Essa terra e Um táxi para Viena d'Áustria). O outro foi em 2000, quando
ganhou o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras,
pelo conjunto da sua obra.
Questionado sobre planos para o futuro, a resposta não poderia ser outra.
“Quero terminar de escrever o romance que estou trabalhando há três anos, mas está me faltando tempo”.
A vida ficou ainda mais corrida depois que foi eleito para ocupar a
cadeira 23 da ABL. Os e-mails, telefonemas e convites chegam a todo o
momento. Mas o agora ‘imortal’ garante que vai aproveitar a
tranquilidade da serra para concluir mais esta obra.
Fonte: Tribuna de Petrópolis
segunda-feira, novembro 18, 2013
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário