quarta-feira, março 27, 2013

Chuva: técnicos verificam, do alto, o tamanho do problema

Um especialista do Departamento de Recursos Minerais DRM – Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro – acompanhou as equipes da Defesa Civil do município e do Corpo de Bombeiros em sobrevoos feitos em locais como Alto e Meio da Serra, Cascatinha, Bingen e parte do Quitandinha, no domingo. O objetivo era avaliar especialmente áreas afetadas pelo temporal da semana passada, que deixou 33 mortos, onde os técnicos não conseguiram chegar por terra. O espelho de risco – resultado preliminar da vistoria aérea – foi entregue à DC. Regiões como Alto Independência, Lagoinha e Dr. Thouzet, que sofreram grandes danos, não apresentaram condições de voo e, portanto, não puderam ser avaliadas. Os registros fotográficos e imagens feitas durante o sobrevoo também vão ajudar os especialistas a definir com mais precisão a extensão dos riscos e as casas que podem ou não ser novamente habitadas. Um dos problemas identificados de imediato é o lixo acumulado nas encostas.Além do que já havia sido carregado pela chuva, os locais onde houve deslizamentos continuam sendo utilizados para o despejo de lixo, o que aumenta significativamente as chances de novos escorregamentos de terra. Os especialistas avaliaram ainda os blocos rochosos, em especial um ponto no Alcobacinha, localidade do bairro Itamarati, que parecia apresentar uma fissura. Do alto, os profissionais puderam ver que a pedra está estável e não representa perigo. As imagens aéreas mostram a dimensão da ocupação irregular no Quitandinha e os estragos provocados pelo temporal do dia 7. Somente na localidade conhecida como Boca do Mato, na Rua Espírito Santo, 17 pessoas morreram soterradas pela barreira que arrastou três dos corpos por mais de três quilômetros. Eles foram levados para as margens da BR-040 pela força das águas, que ligam um ponto ao outro por meio de um canal. O resultado da avaliação do DRM-RJ ainda não foi divulgado, mas para Antônio Guerra, geógrafo, professor e membro do grupo de pesquisa da UFRJ responsável pelo estudo que mapeou o bairro Quitandinha indicando as principais áreas de risco, a situação depois do estrago provocado pelo temporal de domingo requer ainda mais atenção . “O solo sofreu cicatrizes e, assim como ocorre quando temos um machucado na pele, ficou ainda mais vulnerável. O trabalho dos técnicos agora deve ser de casa em casa, pois não há como apontar para uma rua inteira e dizer que ela está condenada”, explicou o especialista. Além do Quitandinha, bairro onde mais ocorreram mortes devido às chuvas da última semana – 20 do total de 33 mortos – Cascatinha, Alto Independência e 24 de Maio são outras localidades que causam preocupação pelas construções perigosas, segundo Antônio. “A tragédia no Quitandinha serve como alerta, mas há outros pontos semelhantes. As condições do meio ambiente em Petrópolis favorecem por si só os deslizamentos e a situação é consideravelmente agravada pela ocupação irregular do solo”, esclarece o geólogo, que há 22 anos analisa a cidade. Ele aponta ao menos 30% de todo o território municipal como sendo área de risco. Encomendado pela Secretaria de Meio Ambiente Estadual, o estudo foi iniciado em 2007 e entregue ao governo municipal em 2010. A intenção era expandir a pesquisa para outros bairros, mas o projeto não recebeu mais qualquer tipo de apoio após a conclusão da primeira etapa. “Já temos a metodologia, falta agora interesse e incentivo do poder público para que outras áreas de Petrópolis sejam mapeadas”, lamentou o professor. Fonte:Tribuna de Petrópolis

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