segunda-feira, novembro 14, 2011

Campanha pela recuperação do Belvedere

Motivo de boas lembranças para aqueles que viveram seus tempos áureos, o Mirante Belvedere – às margens da BR-40 – há anos convive com o abandono. O prédio em estilo futurista, que se assemelha a um disco voador e é também conhecido como “pé de palito”, foi construído entre 1958 e 1959. Limpezas da área pavimentada e corte do mato e gramado ao seu redor minimizam, mas não escondem a falta de cuidados com a construção, que tem nas pichações as marcas da degradação. Quebrados, os vidros que circundavam o disco desapareceram; as paredes – inclusive na parte superior da estrutura – estão pichadas. Os banheiros, que ficam no térreo, foram fechados por uma parede, o que não conteve a ação de vândalos.
O mirante tem uma vista deslumbrante e área ampla para estacionamento. O prédio, que poderia abrigar um restaurante ou algum outro empreendimento, hoje está sob a responsabilidade da concessionária que administra a rodovia Rio-Petrópolis-Juiz de Fora (Concer). Questionada sobre algum possível projeto para o local, a Concer não encaminhou nenhuma informação até o fechamento desta edição.
Cenário para novelas e filmes nacionais – como o brasileiro Banana Split – e também de produções internacionais – como o francês L’Homme de Rio, com Jean-Paul Belmondo – até hoje o imponente imóvel tem como certeza apenas o abandono.
Impressionado com o estado do prédio, há cerca de dois anos o jornalista Flávio Gomes iniciou uma campanha pela recuperação do Belvedere e tem esperança de ver, um dia, o antigo ponto turístico movimentado novamente. “Tenho a lembrança de, ainda criança, ir ao Belvedere com meus pais. É lamentável que um espaço como aquele esteja abandonado desta forma. Lamento muito todas as vezes que passo por ali e vejo todo aquele pratrimônio abandonado”, disse.
Parte da história dos bons tempos do Belvedere está registrada em um trabalho disponível no acervo da Biblioteca Municipal de Petrópolis. Além de informações sobre a construção, o documento traz relatos de pessoas que ainda na infância visitaram o mirante e guardam na lembrança recordações tão doces quanto os mil folhas de creme, amanteigados, chocolates e refrigerantes saboreados no local ainda no início dos anos 60.
“Acessando a palavra “Belvedere de Petrópolis” em pesquisas na internet observamos várias comunidades que narram suas passagens e recordações através de depoimentos e fotografias que nos levam a bons tempos onde havia segurança para parar e apreciar a magnífica paisagem que circundava o famoso Mirante – Disco-Voador ou Pé Palito, como falavam. Eu mesma muitas vezes parei com minha família vindo do Rio de Janeiro no intuito de visitar a cidade de Petrópolis e recordo que meu pai parava seu fusca bege no estacionamento, onde eu e meu irmão corríamos para a lanchonete e nos deliciávamos com as famosas mil-folhas de creme ou de chocolate que a Pavelka produzia acompanhadas de um gelado guaraná, depois descíamos para o famoso parquinho onde meu irmão brincava no escorregador, balanços e no carrossel de cavalinhos de madeira coloridos, minha mãe sempre acabava por lavar nossa mãos e rosto na também famosa fonte de três estruturas em formato de vitória régia”, conta Mariza da Silva Gomes, no trabalhos elaborado para o acervo da Biblioteca.
“Meu pai era inspetor da polícia Rodoviária Federal, e sempre levava para casa os famosos doces mil-folhas e as bombas de chocolate que carinhosamente eram acondicionadas por D. Helene Pavelka (gerente do local). Lembro também que uma vez ele trouxe um pratinho de porcelana com sua foto estampada em frente ao carro da polícia que era confeccionado no próprio local por um japonês”, conta o filho de um policial em um dos relatos registrado no documento.
Fonte: Tribuna de Petrópolis

Nenhum comentário: