sexta-feira, agosto 19, 2011

Audiência pública une Rio e Minas em busca de respostas da Concer

O reajuste do pedágio na BR-040, trecho Rio-Petrópolis-Juiz de Fora, que passará a vigorar no sábado, e não no domingo, como publicado na edição de ontem, é o maior dos últimos dois anos. A majoração, de 3,9% – com a tarifa básica de carros de passeio a R$ 8 –, é maior do que em 2010, quando o reajuste foi de 2,6%. Os deputados estaduais Bernardo Rossi (PMDB) e Marcus Vinícius (PTB), que representam Petrópolis na Assembleia Legislativa do Estado do Rio, vão mobilizar entidades empresariais para a audiência pública dia 29, às 11h30, na Alerj, que vai cobrar da Concer, concessionária que administra a via desde 1996, justificativas na forma de obras e serviços para a tarifa, uma das mais altas do país. Também estará em pauta o projeto de duplicação da pista de subida da serra, obra de R$ 830 milhões, custo que será repassado ao pedágio e que pode ocasionar a prorrogação do contrato com a concessionária.
“Esses custos acabam sendo repassados pelas empresas aos produtos, serviços e o transporte coletivo, atingindo toda a população e não só quem, efetivamente, usa a estrada de carro. Indústria, comércio e prestadores de serviço ainda sofrem com atrasos em entregas e prazos pelos sucessivos acidentes e fechamentos da via”, afirma Bernardo Rossi. Segundo Marcus Vinícius, a intenção é mobilizar entidades como a Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan) e a Federação do Comércio (Fecomércio) para que engrossem o coro de insatisfação quanto aos serviços prestados pela concessionária. “Além da audiência, uma Frente Parlamentar que está sendo instituída na Alerj vai rever o contrato com a Concer”, antecipa.
A mobilização parlamentar também está sendo feita pela Assembleia Legislativa de Minas, uma cooperação inédita com a Alerj. Deputados mineiros, liderados por Bruno Siqueira (PMDB), participam da audiência convocada pela Alerj e depois realizam, em Belo Horizonte, uma audiência pública que terá a participação de deputados fluminenses. “A BR-040 é o principal corredor de tráfego entre nossos estados. Uma obra com um custo elevado e uma tarifa cada vez mais alta sem a contrapartida de serviços interfere diretamente na economia de Minas”, afirma Bruno Siqueira.
Além da alta de 3,9% em vigor a partir de sábado, a tarifa, em 2010, subiu 2,6%. Ela foi precedida, em 2009, por um aumento de 4,17%, ainda que em 2008 o reajuste tenha sido de 7,46%. “Ida e volta hoje, para Juiz de Fora, custa R$ 48 reais considerando três praças de pedágio em um trecho de 180 quilômetros. Isso para trafegar numa estrada onde não há iluminação, há acidentes graves com caminhões e não existe comunicação entre a operadora e os usuários, nem telefones de emergência”, afirma Bernardo Rossi. A situação é ainda pior, segundo Marcus Vinicius, considerando os motociclistas. “A partir de sábado, eles pagam R$ 4 e usam um tipo de veículo que não oferece nenhum desgaste à rodovia”, completa.
Em 1996, início da concessão, o primeiro valor de pedágio era de R$1,91. No ano seguinte, já saltou para R$ 2,19. “Passados 15 anos, estamos no patamar dos R$ 8. Em comparação à tarifa anterior, esses R$ 0,30 a mais representam, em um mês, mais de meio milhão em arrecadação”, completa Bernardo Rossi.
O presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Igor (PMDB), criticou o aumento na tarifa do pedágio da BR-040, que está entre os mais caros do país, e frisou que nem mesmo uma decisão judicial garantiu que a Concer promovesse as melhorias na via. A decisão é fruto de uma ação movida pela Câmara de Vereadores de Petrópolis para obrigar a Concer a fazer melhorias na infraestrutura da rodovia e que ainda está em curso.
“A Concer não oferece uma infraestrutura adequada aos usuários. Na estrada o motorista encontra trechos esburacados e mal sinalizados, existem pontos onde há riscos de deslizamentos, falta de obras de infraestrutura, o que causa insegurança. Usuários não podem contar sequer com telefones fixos de emergência”.
O presidente da Câmara de Vereadores foi contatado pelo representante da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCAM), Jorge Lisboa, que quer mobilizar a categoria contra o reajuste que pegou os caminhoneiros de surpresa. Ele lembrou que o aumento da tarifa, que no primeiro momento impacta os caminhoneiros, acaba por refletir em toda a sociedade. “Estou hoje (ontem) em Belém do Pará e já na minha viagem de volta o que eu estiver transportando já vai ter o pedágio embutido em seu preço”, afirma.
Fonte: Tribuna de Petrópolis

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