segunda-feira, abril 18, 2011

Menos trabalho e muitos problemas no Vale do Cuiabá

Noventa e cinco dias após o temporal que devastou a região do Vale do Cuiabá, o número de máquinas que trabalham na reconstrução do local é pequeno e parece ainda mais reduzido diante do cenário de destruição, que permanece. Na via principal de acesso ao Vale, as grandes propriedades estão em ritmo acelerado de reconstrução, mas em outros pontos, menos nobres, a realidade dos moradores é diferente. Entre estas pessoas está o comerciante Fábio Leite, que desde o mês passado vem retomando as atividades em seu bar na Estrada Ministro Salgado Filho. Esta semana, Fábio viu ser demolida a casa em que morava com a família. Danificado pela enxurrada, o imóvel foi condenado em vistoria feita pela Defesa Civil. Em comum com os demais moradores, Fábio tem as dúvidas quanto ao pagamento do Imposto Predial Territorial e Urbano (IPTU), sobre um imóvel que já não existe mais.
“O laudo da Defesa Civil interditou a minha casa e indicou a demolição imediata dela. Eles vieram aqui na terça-feira e eu permiti a demolição, já que havia o risco por causa dos danos na estrutura dela. Minha dúvida agora é quanto ao IPTU, que tem uma taxa anual de R$ 690. Não sei se teremos que pagar ou não o imposto de casas que não existem mais. Precisamos de uma explicação. A sensação que temos aqui é de que o que aconteceu no Vale do Cuiabá está começando a cair no esquecimento. Aos poucos as máquinas que trabalhavam vão diminuindo e apesar de ainda haver muito a se reconstruir aqui, os funcionários estão dizendo que na semana que vem todas as máquinas irão embora. Isso nos preocupa”, diz o comerciante.
Na parte alta do Vale do Cuiabá, serviços essenciais como telefonia e o transporte público não foram normalizados. A estudante Andreza Araújo Barbosa, que mora na Estrada das Perobas, diz que diariamente precisa enfrentar de manhã uma caminhada de cerca de meia hora para chegar até o ponto de ônibus. Na volta pra casa, o cansaço e a subida da rua embaixo de sol forte fazem com que a caminhada seja de pelo menos 40 minutos.
“O ônibus não vem mais até o ponto final do Vale do Cuiabá, agora ele para lá embaixo no perto do haras. Para pegar o ônibus de 6h50 eu saio de casa 6h20. Na volta, da escola, eu pego o ônibus de 11h30 no Centro e chego em casa por volta de 13h, porque levo mais ou menos uma hora pra fazer esse trajeto a pé. É muito ruim”, conta
Áreas atingidas pela enxurrada, que estão sendo aterradas, também preocupam moradores. Um destes aterros foi feito no trecho em que uma vila com mais de 20 casas ficou soterrada. A vila ficava cerca de três metros abaixo do nível da rua. Dias após a chuva, telhados e antenas parabólicas eram os únicos indícios de que aquele ponto abrigava casas com famílias. Mais de três meses após a tragédia, quem nunca esteve no local não pode sequer imaginar que ali havia casas.
“Esses aterros nos preocupam muito, pois eles são um risco para quem mora na parte baixa do Vale do Cuiabá, o que acontecerá no próximo verão com as pessoas que estão voltando a morar no Buraco do Sapo, por exemplo? Se tivermos uma chuva forte aqui, esses aterros podem causar sérios problemas para quem mora lá”, alerta Paula Beatriz Pareto.
A Secretaria de Fazenda esclareceu que os moradores que tiveram suas casas interditadas e/ou destruídas pela chuva precisam apresentar o laudo da Defesa Civil e o cadastro na Setrac.
Fonte: Tribuna de Petrópolis

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