terça-feira, março 08, 2011

Região Serrana terá sistema integrado de informação para prevenir desastres

Com o objetivo de fortalecer, modernizar e consolidar a gestão para a sustentabilidade no município através de sistemas de informação que permitam o planejamento e o controle do uso do território e dos recursos naturais, técnicos da APA Petrópolis estão desenvolvendo um projeto chamado de SIG – Sistema de Informações Geográficas. O SIG além de proporcionar um mapeamento detalhado das áreas de risco, será instrumento de apoio às políticas de prevenção de acidentes e facilitará os licenciamentos em todo o município. De acordo com o geógrafo e secretário executivo de APA, Francisco Pontes de Miranda Ferreira, após a catástrofe ocorrida em janeiro surgiu a necessidade, em toda a Região Serrana, de critérios mais eficientes para o Planejamento e Uso do Solo.
“Vamos juntar informações geográficas, densidade habitacional, hidrografia, vegetação e solo e transformar todos esses dados em uma coisa só. O sistema será alimentado com dados de órgãos públicos e privados como concessionária de energia, água e gás; além de imagens de satélites e de campo”, explicou Francisco. Para o geógrafo, o Sistema de Informações Geográficas poderá se tornar um instrumento importante para a diminuição das consequências das tragédias climáticas. “Não temos dúvidas que foi um fenômeno climático excepcional e de força extrema. No entanto, podemos afirmar que se as Áreas de Proteção Permanente como as encostas íngremes, os topos de morros e as planícies fluviais tivessem sido respeitadas e não ocupadas pelo crescimento urbano desordenado, o número de vítimas e de destruição teria sido bem menor”, ressaltou.
Para Francisco, outras áreas com maior densidade demográfica do que o Vale do Cuiabá, em Itaipava, correm risco de serem atingidas por fenômenos climáticos. Ele cita, como exemplo, o segundo distrito, local que segundo o geógrafo está sendo ocupado desordenadamente. “É só olhar para essas áreas e perceber que tudo pode vir abaixo se uma chuva excepcional acontecer. Com o aquecimento global, os fenômenos são cada mais fortes e intensos. É preciso pensar com seriedade e tomar decisões. É aí que o SIG entra, para estabelecer regras sobre o uso e ocupação do solo”, comentou.
De acordo com o geógrafo, apenas 20% de todo o território petropolitano é habitável; o restante deve ser recuperado e preservado. Francisco explica que a geografia e a área de atuação da Mata Atlântica limitam as áreas que podem ser ocupadas. “Existe um processo natural da Mata Atlântica e aqui essa atuação é a mais avançada do mundo. São três processos: intemperismo – quando o solo vai se dissolvendo com o calor e a chuva; a erosão e o transporte – quando todo esse material que é removido pelo processo da água da chuva é levado da parte mais baixa para a mais alta. Quando esse processo é muito avançado e acelerado, é preciso proibir as construções por um motivo muito simples, elas virão abaixo quando esse processo acontecer”, explicou.
Para o geógrafo, a solução habitacional está na verticalização em locais que serão definidos pelo sistema. O SIG irá dividir o município em três áreas: baixa intervenção, onde estão as APP (Área de Proteção Permanente) e unidades de conservação (Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Rebio Tinguá e Rebio Araras), nesses locais é proibido qualquer tipo de construção; média intervenção, onde estão as áreas rurais e é permitido uma ocupação controlada como a construção de pousadas, hotéis, além das propriedades rurais; por último as áreas de alta intervenção, locais onde serão permitidas qualquer tipo de construção. “Nesses locais, como o Centro e Itaipava, por exemplo, pode-se fazer a verticalização. É claro respeitando as determinações dos órgãos de preservação, já que Petrópolis é uma cidade histórica”, enfatizou o geógrafo.
O SIG já recebeu o apoio do Ministério Público Estadual. Agora, os técnicos da APA estão procurando parcerias com órgãos públicos e entidades privadas para a elaboração do sistema. “Nossa expectativa é que o SIG esteja funcionando o mais rápido possível. Precisamos de verbas para iniciar os trabalhos e apoio principalmente da Prefeitura”. Francisco ressalta que o Sistema só terá importância quando o cidadão tiver consciência e noção de pertencimento a uma unidade de conservação. “É preciso que a pessoa sinta-se cidadã de uma APP. Esse é o primeiro passo”, concluiu.
Fonte: Tribuna de Petrópolis

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