sábado, janeiro 29, 2011

Meteorologistas destacam a importância da profissão: tragédias poderiam ser evitadas

Em meio à tragédia que devastou localidades inteiras das cidades da Região Serrana e deixou mais de 800 mortos, as previsões do tempo e a profissão de meteorologista ganharam destaque e importância. Nunca se falou tanto em alertas e estações meteorológicas, em sirenes, alarmes, radares e pluviômetros. Para o meteorologista do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, José Felipe Farias, “o profissional do tempo é pouco valorizado e só é reconhecido quando catástrofes acontecem”.
Graduado em Meteorologia pela Universidade de Pelotas (UFPEL) e mestre em Meteorologia pela Universidade de São Paulo (USP), José Felipe atua na área há quatro anos. Ele conta que a curiosidade pelos fenômenos meteorológicos o fizeram optar pela profissão e garante que os salários não pesaram na hora da escolha. “Antes de tudo é preciso estar realizado profissionalmente. Não que o salário não seja um fator importante, mas se o pessoa está feliz com a profissão que escolheu com certeza vale a pena”, ressaltou.
Além de fazer a previsão do tempo, um meteorologista atua em projetos científicos no que diz respeito à aplicação da meteorologia e nas diversas áreas de sua utilização e também na direção de órgãos voltados para a ciência – que podem ser públicos ou privados. A profissão é antiga, já que os estudos no campo de meteorologista foram iniciados há mais de dois milênios. Porém apenas no século XIX ganhou ímpeto mais significativo com o desenvolvimento de redes de intercâmbio de dados em vários países. As primeiras previsões numéricas do tempo tornaram-se possíveis com o desenvolvimento de modelos meteorológicos no início do século XX.
Hoje, as previsões do tempo são comuns e acessíveis a todos. Elas podem ser vistas em páginas na internet, nos jornais impressos e na TV. Ganham destaque especial quando trata-se da noite do reveillon ou se alguém quer passar o fim de semana na praia. Para José Felipe, apesar da “popularização” das previsões, a profissão ainda não é reconhecida. “Temos uma grande importância, não apenas para prever como vai estar o fim de semana”, comentou.
Para quem quer seguir a profissão, existem no mercado vários cursos técnicos, em nível de segundo grau, entre eles o Cefet, em Santa Catarina. José Felipe explica que o curso ensina todas as matérias do nível superior e a diferença está no grau de aprofundamento do conteúdo. “Quem estiver interessado pode fazer o técnico. Os cursos do Cefet são muito reconhecidos”, salientou. Já para quem quiser se graduar, o bacharelado em meteorologia tem quatro anos de duração e pode ser encontrado no Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Universidade Federal do Pará, na Universidade Federal da Paraíba, na Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal de Pelotas (RS) e Universidade Federal de Santa Maria (RS). Nos dois anos iniciais do curso as disciplinas estudadas são: Física, Cálculo e Computação. Depois, entram as matérias específicas do curso de Meteorologia.
José Felipe ressalta a importância do profissional no auxílio à população. Para ele, é gratificante poder prever as condições adversas do tempo que impactam diretamente na vida da população e da sociedade como um todo. “Podemos ajudar quem está no campo, prevendo secas ou períodos longos de chuva; também podemos auxiliar quem mora em áreas de risco, prevendo grandes tempestades. Infelizmente, nossa importância só é reconhecida em meio a tragédias. Seria bom se as autoridades percebessem como é importante a presença de um meteorologista que possa atuar junto à Defesa Civil em prol de medidas que diminuam o impacto das adversidades do tempo para a população”, concluiu.
Fonte: Tribuna de Petrópolis

Nenhum comentário: