domingo, janeiro 16, 2011

Cuiabá: cavalariços vivem drama em haras

Em meio à devastação que assolou a região do Vale do Cuiabá, em Itaipava, e que vem fazendo centenas de moradores abandonarem a região, assustados, levando poucos pertences que conseguiram salvar, funcionários do Centro de Treinamento Vale da Boa Esperança enfrentam o medo e, movidos pelo amor aos animais, preferem permanecer no local para não abandonar os cavalos que estão ilhados à espera de resgate. “Não temos como ir embora e deixar os cavalos para trás sem socorro. Só iremos embora depois que todos os cavalos forem retirados. Alguns se machucaram e precisam de tratamento. Oito animais já tiveram que ser sacrificados. Precisamos conseguir retirar logo daqui os que estão vivos”, preocupa-se o cavalariço Oscar Domingo Lino, de 26 anos.
No dia da enxurrada, 100 cavalos de raça estariam no haras, que fica na Estrada Ministro Salgado Filho 6.333 – Vale do Cuiabá. Entre os animais, sete pertenceriam ao humorista Chico Anísio e dois deles teriam morrido. “Estou preocupado, pois alguns cavalos estão feridos. Estamos mantendo as éguas soltas, mas os cavalos precisam ficar nas baias, pois se ficarem juntos eles se matam. Alguns estão com água e lama até a barriga, por conta da inundação. Abrimos buracos nas paredes das baias para escoar a água, mas não temos como retirar os animais da lama. Essa lama está gelada, se nós ficamos com frio, imagina o animal? Se eles ficarem muito tempo dentro d’água, os cascos vão descolar e outros terão que ser sacrificados.”, disse.
Funcionários relatam que naquela madrugada água subiu mais de três metros inundando baias. Toneladas de ração e remédios para o tratamento dos animais foram perdidos. Pelo menos cinco baias foram destruídas e animais foram arrastados pelas águas. “Chegamos a recolher cavalos mortos a 10 quilômetros daqui. Ao todo, perdemos 15 cavalos e apenas uma ovelha se salvou. Os cavalos só não morreram porque o nível da água subiu e desceu rapidamente. Nós também só sobrevivemos porque estávamos no segundo andar da casa, que tem uma estrutura forte e resistiu à força das águas”, contou.
No fim da tarde de anteontem, máquinas conseguiram desobstruir a Estrada Ministro Salgado Filho, que estava bloqueada por árvores e entulho trazidos pela cheia. A liberação parcial da via, no entanto, não possibilitou a retirada dos cavalos do haras, pois a estrada é estreita e tem muitos pontos críticos, onde veículos pesados podem atolar. Durante todo o dia de ontem, somente veículos oficiais tiveram acesso à região, tendo como prioridade o resgate de sobreviventes e a retirada de corpos. Barreira policiais bloqueavam o acesso de demais veículos à estrada. “Hoje a estrada foi aberta, mas não estão liberando a passagem dos caminhões que precisamos para retirar os cavalos daqui. Os veterinários tentaram subir, mas a passagem dos carros não foi permitida. Ficaremos aqui até que eles sejam retirados”, afirma o cavalariço Nelci Brandão Siqueira, de 35 anos.
Fonte: Tribuna de Petrópolis

Um comentário:

Roberta Fonseca Winter. disse...

Não foi neste mesmo haras que um tratador chamado Miguel foi arrastado junto com os cavalos pela tromba d'água. Li reportagem de um dos proprietários do haras que fala que acordou com alarme do carro, mas nada é dito sobre rapaz chamado Miguel. Em sua postagem tb não há comentário sobre perda e morte de Miguel. Em outro blog relacionado a uma reportagem da Folha de SP há menção do tratador e nome deste mesmo haras. Pode verificar se é o mesmo haras? Fiquei sensibilizada com a história do rapaz e gostaria de saber se é neste mesmo haras. Obrigada por apurar os fatos.
http://umolharcronico.blogspot.com/2011/01/tragedia-em-itaipava.html