terça-feira, novembro 30, 2010

PRF: acidentes com caminhões já são 205

Cansaço e excesso de velocidade. Estas seriam as principais causas do número de acidentes no trecho da Rodovia BR-040, que passa por Petrópolis. Em pouco mais de 11 meses, a Polícia Rodoviária Federal já havia contabilizado 205 casos envolvendo apenas veículos de carga, a maioria carretas e caminhões. No mesmo período foram registradas as mortes de quatro caminhoneiros, três deles apenas no mês de novembro.
A maioria dos acidentes foi registrada na pista de descida da serra, principalmente entre os Kms 90 e 99, cujo trecho é apontado com frequência por representantes da Associação Brasileira dos Caminhoneiros, como os pontos mais perigosos da estrada. Isso porque confunde os motoristas que ainda não conhecem a estrada já que passa a falsa impressão de que a descida já terminou.
Segundo estatística da Polícia Rodoviária Federal, os doze meses de 2009 contabilizaram um total de 225 acidentes envolvendo veículos de carga. A maioria também contabilizada no trecho entre os Kms-90 e 99. Naquele ano, a maior incidência foi registrada no mês de março, quando 29 ocorrências foram registradas. Logo atrás, o mês de agosto contabilizou 25 acidentes enquanto dezembro aparece em terceiro lugar no ranking.
Já em 2010, apesar do mês de novembro contabilizar o maior número de mortes, os meses de abril, julho e janeiro são os responsáveis pelo maior número de casos com, respectivamente, 28, 26 e 24 acidentes. Apenas entre os Kms-90 e 99, em 2010, já foram registradas 88 ocorrências, entre elas se destaca o tombamento de uma carreta de silício – matéria prima para a fabricação de chips eletrônicos -, na altura do km 92 da pista de descida, sentido Rio de Janeiro. Este aconteceu na madrugada da última quarta-feira e causou a morte do motorista Rodrigo Linhares, de 35 anos, o qual ficou preso nas ferragens.
Mas, a série de acidentes envolvendo carretas e caminhões foi aberta no dia dois de novembro. A vítima foi o motorista Divino Joaquim de Oliveira Júnior, de 27 anos, que morreu esmagado pelas ferragens do caminhão que dirigia, no km-68 da pista sentido Juiz de Fora. Dois dias depois, um caminhão frigorífico carregado com laticínios despencou de uma ribanceira na altura do Km-72 da pista de descida. A carga de iogurte e manteiga foi toda saqueada deixando um prejuízo de R$ 70 mil. Apesar de ter caído de uma altura de aproximadamente 10 metros, o motorista Darci Sérgio, de 45 anos, saiu ileso. A mesma sorte não teve o motorista Reylli Silva, de apenas 28 anos. Ele dirigia um caminhão carregado com 30 toneladas de cobre, que tombou no viaduto em frente à rodoviária do Bingen.
Porém, para a Polícia Rodoviária Federal, são três os fatores responsáveis pela maioria dos acidentes: falta de descanso, excesso de velocidade e falta de manutenção dos veículos. “Juntos, esses três pontos se transformam em verdadeiras armas. Muitos motoristas preferem dormir pouco e acelerar para garantir a entrega da carga dentro do prazo. Além disso, com essa agilidade conseguem um maior número de cargas e os acidentes são as consequências da pressa”, opina o policial rodoviário Erlei Molter.
Para o policial, os motoristas, principalmente os caminhoneiros, têm que ter consciência na hora de descer a serra. “Muitos descem a serra carregados e não usam o freio motor. Utilizam apenas o pedal, o que pode fazer com que a lona de freio superaqueça e não suporte. Já vi casos das rodas pegarem fogo”, completa.
Mas, para o caminhoneiro Jorge Lisboa, representante da Associação Brasileira dos Caminhoneiros, a falta de sinalização e má conservação da estrada também contribuem para a ocorrência de acidentes. “Entendo que alguns motoristas abusam, porém, já vi acidentes com pessoas responsáveis. Na minha opinião, falta manutenção e sinalização, principalmente na descida da serra”, diz, salientando que o número de ocorrências no trecho entre os Kms-90 e 99 serve apenas para provar o que ele já vem alertando à Concer – concessionária que administra a rodovia - “Esse trecho é traiçoeiro pois faz com que o motorista acredite que terminou de descer a serra e, de repente, é surpreendido por novo declive. Acaba perdendo o controle da direção e o tombamento é inevitável”.
Fonte: Tribuna de Petrópolis

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