sexta-feira, julho 09, 2010

LOURAS GELADAS (E SERRANAS)

Em 1853, um imigrante alemão criou em Petrópolis a primeira cerveja fabricada no Brasil, a Bohemia. Hoje, a Cervejaria Sankt Gallen, de Teresópolis, produz algumas das melhores versões nacionais dessa bebida. Em Nova Friburgo, o restaurante Bräun & Bräun mantém uma respeitável carta de cervejas, além de fabricar a sua própria. O hotel Solar do Império, no centro histórico da Cidade Imperial, dá início no próximo dia 17 ao projeto Encontros com o Sabor, com o tema... cerveja. É, eu também não sabia que a Serra Fluminense e a bebida combinavam tanto.

A fermentação cervejeira na serra é algo recente. Depois de a região ter produzido pioneiras e ótimas cervejas brasileiras (além da Bohemia, havia a Therezópolis), a indústria foi definhando aos poucos.
A Therezópolis fechou as portas, a Bohemia foi vendida para a Antarctica, perdendo sua identidade regional, e a tradição quase se foi.
Mas de uns dez anos para cá o cenário começou a mudar.
A Itaipava virou gente grande, alcançando novos mercados, Teresópolis lançou a Lokau, e depois a Cervejaria Sankt Gallen recuperou a marca Therezópolis, sua antiga receita, e um novo ciclo se formou.
Hoje há um engradado de projetos paralelos reforçando a tradição cervejeira. O mais importante de todos é a reativação da antiga fábrica da Bohemia em Petrópolis, com retomada de operações prevista para dezembro — porém, a inauguração de todo o complexo acontecerá apenas em 2011, no dia 16 de março, aniversário da cidade.

Petrópolis, aliás, tem uma meta ambiciosa: quer se transformar em referência nacional em cerveja. Berço para isso, a cidade tem. Entre outras ações conjuntas da prefeitura está a criação do Memorial da Cerveja, com o propósito de ter o maior acervo da América Latina.

Teresópolis também quer entrar nesta espuma. Está prevista para setembro a inauguração da Confraria 1912 (a data remete à criação da Therezópolis), da Cervejaria Sankt Gallen. A ideia é abrir a fábrica para os visitantes que, além de provar os produtos da marca, poderão até desenvolver as suas próprias cervejas. A St.

Gallen é uma das participantes do evento Encontros do Sabor, ao lado de outras marcas famosas da região, como a Petrópolis e a Cidade Imperial.

— O projeto reforça a nossa intenção de transformar o Solar do Império em lugar de convivência cultural aberto a não-hóspedes. Queremos trabalhar a comida, a história, as artes. Por isso o evento mistura gastronomia, educação e música — diz Roberto Pinheiro, dono do hotel e idealizador do evento, que tem curadoria da jornalista Alice Granato.

A programação está concentrada nos próximos dias 17 e 18, mas durante todo o mês de julho no restaurante do hotel, o Leopoldina, será servido um menu harmonizado com cervejas criado pela chef Claudia Mascarenhas. No cardápio há, por exemplo, bacalhau com natas acompanhado de uma strong ale, sopa de palmito com ovas e uma stout, e picadinho de filé mignon ao poivre com uma india pale ale. O menu harmonizado, com seis pratos e seis cervejas, custa R$ 60.

No principal fim de semana do evento o hotel estará bem movimentado. Para acompanhar uma cerveja, nada mais adequado que uma roda de samba e chorinho, como a que acontece no próximo dia 17. A programação inclui ainda debate sobre bebida na adolescência, tarde de autógrafos com o escritor Ronaldo Morado, autor da “Larousse da cerveja”, e exposição de fotografias de antigas cervejarias. Serão servidos também quitutes do bar Aconchego Carioca, onde foi criado um sensacional bolinho de feijoada que hoje já é imitado por todo o país.

Encontros com o Sabor: Acontece nos dias 17 e 18 de julho, no Solar do Império. Av. Koeler 376, Centro, Petrópolis. Tel. (24) 2103-3000.
www.solardoimperio.com.br
O Globo

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