domingo, junho 07, 2009

Pedágio caro e perigos na estrada da Concer


Pista mal conservada, sinalização precária, falta de segurança e de ponto de apoio para pernoites. Estes são alguns dos problemas enfrentados por caminhoneiros que passam diariamente pela Rodovia BR-040, que ainda pagam um pedágio que consideram caro para percorrer todo o trecho de responsabilidade da Concer. Acidentes, alguns deles com mortes, também são frequentes.
Partindo de Juiz de Fora, de acordo com o caminhoneiro Jorge Lisboa, representante da Associação Brasileira dos Caminhoneiros, os trechos mais críticos da rodovia se concentram, principalmente, em Petrópolis, a maior parte deles, na pista de descida da Serra. Ele conta que a área é a responsável por, aproximadamente, 80% dos acidentes ocorridos nos 180 quilômetros da rodovia administrada pela Concer. “Também existe um trecho perigoso em Areal, na localidade de Hermogênio Silva. Trata-se de uma curva fechada e com pouca sinalização”, explica.
Mas, na Serra de Petrópolis, um dos principais causadores dos acidentes é a falta de sinalização, como placas avisando aos caminhoneiros a quantidade de quilômetros em declive. “A estrada é traiçoeira pois, em muitos pontos, ela faz o motorista acreditar que já acabou de descer e, de repente, é pego de surpresa por um declive ainda mais intenso”, diz. Tal placa, na opinião de Lisboa, deveria ser instalada na altura do Km-77, exatamente no ponto onde existe uma bica d’água.
Em toda a pista de descida, existem apenas advertências e alertas solicitando que o motorista reduza a velocidade. Porém, permite que a máxima seja de até 70km/h, o que, para um caminhão, já é altamente perigoso. “Deveria ser alterada e reduzida para 30km/h. Além disso, a cada 10 quilômetros, deveria haver outros alertas, avisando sobre a quantidade de quilômetros restantes”, complementa, lembrando que as providências são medidas simples, de baixo custo, e que poderiam ter salvo a vida de muitos caminhoneiros. Os riscos de acidentes aumentam ainda mais se o veículo estiver carregado.
Apenas no Km-81,5 está instalada uma placa com o alerta ‘longo trecho em declive’, o que não é o suficiente para orientar os caminhoneiros. A sinalização precária também é facilmente percebida entre os Kms 93 e 95, enquanto no Km-97, onde vários acidentes ocorreram, um deles envolvendo um caminhão cegonha, que transportava 10 carros da Fiat, passa pela mesma situação.
Outro erro é a sinalização com números em ordem decrescente avisando sobre a existência de curvas. Estas, de acordo com o representante da ABCam, não constam no Código Nacional de Trânsito. “Muitas pessoas desconhecem a finalidade”.
Já no Km-80, existe uma curva fechada à direita e nesse mesmo ponto, no período noturno, a estrada confunde os motoristas. Do local, olhando o horizonte, o motorista consegue enxergar a pista que segue em direção a Juiz de Fora. “Ele segue em frente acreditando que está indo numa direção e, quando se dá conta, já está dentro de outra curva, esta à direita. Se não existe a possibilidade de mudar o traçado da estrada, então que instalem uma sinalização mais agressiva, bem antes deste ponto onde inúmeros acidentes já ocorreram”, completa.
A partir do viaduto da Galdino Pimentel, a má conservação da estrada fica ainda mais grave. A pista é de cimento porém, os remendos são feitos com asfalto, que não é uma boa combinação deixando as ondulações mais acentuadas. Os veículos descem a serra trepidando, levando prejuízos à suspensão. “Acaba se transformando numa viagem de risco pois, os veículos, principalmente os de grande porte, não se mantêm na estrada e é necessário muito controle para que não invada a outra pista”.
Apesar de na pista de subida a estatística de acidentes ser menor, os problemas são os mesmos e, em alguns trechos, até mais graves, como por exemplo, a inexistência de acostamento. No caso de um caminhão e, até mesmo um carro furar o pneu, não terá onde parar para fazer a substituição. “Se não for o pneu do cavalinho, o motorista do caminhão ainda consegue trafegar por alguns quilômetros. Caso contrário, será obrigado a parar onde estiver, ou seja, no canto da pista onde irá atrapalhar o trânsito”. No local, os problemas já começam logo no pé da serra, onde o asfalto está deteriorado, provocando muitas trepidações. Já na altura da localidade conhecida como curva do Leal, a sugestão é a instalação de um radar eletrônico, para inibir os maus motoristas.


Área que poderia ser de apoio está abandonada

Uma área que poderia servir como ponto de apoio para os caminhoneiros está há mais de 30 anos abandonada. O Belvedere, onde antes funcionava um restaurante, está tomado pelo mato. O espaço desperdiçado seria o suficiente para abrigar até 120 caminhões, evitando o amontoamento que acontece todas as noites nos arredores do Posto Brasão.
A providência é uma reivindicação antiga de motoristas da classe, principalmente por conta da segurança. O Posto Brasão é o último posto de apoio ao caminhoneiro, antes de descer a serra. De acordo com Jorge Lisboa, representante da Associação Brasileira dos Caminhoneiros, se um motorista chega no local às 22h, já enfrenta dificuldades para estacionar e poder descansar. “Se não tiver alternativa, ele é obrigado a descer a serra e só parar no Rio de Janeiro. Assim, além do risco de acidentes, existe o problema de assaltos que, apesar da situação estar aparentemente controlada, ainda oferece risco”, conta. “A segurança seria dormir nesse trecho pois, na porta dos depósitos é muito perigoso e os assaltos são constantes”.
A sugestão, inclusive, já teria sido passada para a Concer, entretanto, ao invés do pedido ser atendido, foi feito o estreitamento do acesso ao pátio, impedindo a entrada de caminhões. A providência já teria sido tomada há alguns anos e, enquanto motoristas enfrentam o perigo da rodovia, a área é usada apenas como pouso de voo livre.
Uma reunião entre o caminhoneiro Jorge Lisboa e o vereador Bernardo Rossi deve acontecer nos próximos dias. O objetivo é discutir os inúmeros problemas denunciados com frequência pelo motorista. Uma manifestação para reivindicar providências para garantir a segurança dos usuários da estrada também está prevista, porém, ainda não tem data marcada.
“Estou satisfeito porque, pela primeira vez, representantes do município, estão se juntando a nós. Essa não é uma briga apenas dos caminhoneiros mas, deve ser aderida por todos os usuários da estrada”, disse.
Há mais de cinco anos, Jorge Lisboa tenta junto à Concer as melhorias para a rodovia mas, ainda não conseguiu sequer uma reunião com representantes da concessionária.


Um salário mínimo de pedágio

O valor gasto por caminhoneiros para percorrer a rodovia BR-040 é um dos mais altos do país. Um caminhão de seis eixos, por exemplo, paga exatamente R$ 43,20 em cada uma das três praças de pedágio de concessão da Concer, ou seja, se o percurso de ida e volta for feito mais de uma vez por dia, as perdas podem ser superiores a um salário mínimo, já que o total fica em torno de R$ 487,00.
De acordo com o que está previsto em lei, segundo Jorge Lisboa, representante da Associação Brasileira dos Caminhoneiros, o que ocorre na área de responsabilidade da Concer é, no mínimo, irregular. “A lei permite apenas um pedágio a cada 100 quilômetros de rodovia, porém, não é isso que acontece no trecho da concessionária. Saindo de Juiz de Fora, os motoristas são obrigados a passar por três pedágios, um deles ainda em Juiz de Fora, em Minas Gerais e os outros já dentro do Estado do Rio de Janeiro”, explica.
Segundo o caminhoneiro, o alto custo é o que leva muitos motoristas a buscar vias alternativas, como a que era usada em Pedro do Rio, para fugir da cobrança. “Os R$ 43,20 pagos são correspondentes a dois dias de alimentação, incluindo café da manhã, almoço e jantar, num restaurante de beira de estrada”, diz, salientando que o gasto com combustível é quase o mesmo. “Normalmente, numa viagem Rio x Juiz de Fora x Rio gastamos uma média de 360,00 de óleo diesel”.
Fonte:Tribuna de Petrópolis

7 comentários:

Anônimo disse...

parabens por essa materia brilhante pos o JORGE LISBOA tem essa coragem de luta pela categoria e isso nao é só aqui nao é por todo esse pais que ele percorre. por essa denuncia sabia merecia uma homenagem . abraços

Anônimo disse...

todos deveveria se juntar a essecaminhoneiro e reclamar desse pedagio absurdo de caro é um roubo tó com ele e nao abro. parabens ,

Unknown disse...

parabens por essa materia esta de primeira todas as revidicaçoes do jorge estao totalmente corretas eu tive o prazer de fazer uma viagem com ele a rondonia e gostei muito e um otimo caminhoneiro e um otimo parceiro um abraço jorge lisboa continue sempre nessa luta

Anônimo disse...

E ISSO AI JORGE LISBOA TE CONHEÇO , VC E UM CARA LUTADOR PELOS NOSSOS CAMINHONEIROS , NAO A NINGUEM PRA SABER MELHOR DO QUE VC SOBRE AS RODOVIAS NEM MESMO OS CHEFE DE SINDICATO, SABE VOCE PERCORRE O BRASIL INTEIRO NA BOLEIA TERIAMOS QUE TER MAIS UNS 10 JORGE LISBOA ABRAÇAO
WALTAO

Anônimo disse...

É isso ai Jorge, calar-se diante das aberrações é ser condizente com as mesmas. Não desista nuca,estarei torcendo por vcs ai.Suas reivindicações são mais do que justas e vc mais do que ninguém sabe sobre a realidade de sua categoria.Pena que Jorge Lisboa só existe um,rsrsrsrsrsr.Abraços do Acre.

Anônimo disse...

como todo caminhoneiro sabe frete desvalorizado o pedagio esta muinto caro ex:jf rj adiministrada pela concer(br040)ta na hora de fazer um protesto andando a 50% da velocidade na via que eu acho que não e contra lei de transito mas vai da uma dor de cabeça a concer

Gabriel Lisboa disse...

Muito boa a manifestacao do nosso querido e brilhante Tio Jorge.Este que levanta a bandeira dos nosso caminhoneiros, conhecidos como os globulos brancos de nossas estradas, as quais sao conhecidas como arterias do nosso pais,que levam o desenvolvimento a fora.
Infelizmente o dinheiro fala mais alto quando estamos diante desses crapulas capitalistas que preferem inseguranca de nos caminhoneiros por seus bolsos recheagos de dinheiro.POr isso temos que alfineta-los,essa e nossa funcao.Ate que sejamos ouvidos e nossas reivindicacoes sejam feitas.Nao vamos parar!!!!
um abraco