quinta-feira, dezembro 20, 2007

Justiça ouve na próxima terça-feira atropelador de jovens mortas em Itaipava

Pouco mais de cinco meses depois de atropelar e provocar a morte de duas jovens que saíam de uma boate em Itaipava, o condutor Pedro Luiz de Miranda Mark, de 22 anos, que responde por duplo homicídio doloso (quando o motorista assume o risco de matar), será interrogado na próxima terça-feira, às 13 horas, pela juíza Ana Paula Pena Barros, da 1a Vara Criminal, em Itaipava.

Diante da juíza, o acusado terá que explicar as circunstâncias do acidente, que causou a morte da estudante Mirela Rabelo Portugal, 22, e a amiga Daniela Cristina Costa Nery, 31, que tiveram morte instantânea ao serem atingidas pela Parati, prata, ano 2003, placa MSK 5205. Ele deve dizer também porquê não parou para prestar socorro às vítimas, nem avisar à polícia sobre o atropelamento. Pedro Luiz será o primeiro a ser interrogado. Depois, a juíza vai ouvir as testemunhas.

O interrogatório está marcado desde o fim do mês de setembro, quando a promotoria criminal denunciou o motorista por dolo eventual e pediu que ele seja levado a júri popular. Os resultados de laudos e o conteúdo dos depoimentos no inquérito policial foram suficientes para a promotoria concluir que Pedro assumiu o risco do acidente. O crime de dolo eventual tem pena prevista entre seis e 20 anos de detenção, por cada uma das mortes. No relatório consta que o motorista estaria sob o efeito de álcool,mas os advogados de defesa Ernane Hélio Dias e Norbert Cohn, em entrevista ao DIÁRIO, sustentaram que Pedro não bebe. Eles afirmaram que, nos autos do processo, não existe laudo de embriaguez.

Na denúncia, a promotoria diz que o veículo estava em velocidade alta (nem mesmo a marca ou modelo do carro puderam ser identificados pelas testemunhas), totalmente incompatível com a via urbana onde transitava. A denúncia chama atenção para o fato de Pedro ter afirmado em depoimento, que acreditava ter atingido apenas uma pessoa. Segundo a promotoria, isto indica que o estado de ânimo dele estaria distorcido, já que uma das vítimas foi arremessada a 12,5 metros de distância e outra sofreu fraturas múltiplas em razão do atropelamento. Outro agravante, segundo a denúncia, foi o motorista não ter reduzido a velocidade ou freado ao avistar as vítimas, e nem mesmo depois de atingi-las.

Pena mais severa é consolo para familiares

A possibilidade de Pedro Mark receber uma punição mais severa é um consolo, mas não ameniza a dor de familiares. Desconsolada pela morte da filha Mirela, a escrivã Maria Helena Rabelo Portugal, 57 acredita que penas mais severas podem evitar que outras famílias sofram com a violência no trânsito. "Está sendo muito difícil...", desabafa a mãe que hoje busca forças em Deus e na luta por Justiça. "Já ouvi muitas pessoas dizendo que casos assim resultam apenas no pagamento de cesta básica, mas eu acho que a vida da minha filha e da Dani, não valem apenas cestas básicas... Não queremos vingança, e sim justiça, porque o bem mais precioso, que era a minha filha, esse não volta mais...", lamenta Maria Helena. A mãe de Daniela, Maria José Costa Nery, 62, sofre a mesma dor. E a tem mesma esperança. "Perder um filho não é uma coisa que passa, é uma dor que permanece. Uma falta que sentimos todos os dias... ", declara Maria José, lembrando que a justiça dos homens é importante, mas que confia acima de tudo na justiça divina.

O acidente

O atropelamento que provocou a morte de Mirela e Daniela aconteceu pouco antes de 6h da manhã, do sábado 14 de julho, na Estrada União e Indústria. As amigas tinham acabado de sair da boate Tamboatá e atravessavam a via quando foram surpreendidas pelo carro. As duas morreram na hora e o motorista fugiu em direção aos distritos. Comovidos com a dor dos familiares, policiais militares mantiveram as diligências por mais de cinco horas, até localizarem o acusado. Ao ser abordado, já acompanhado de advogados, Pedro Mark disse que já estava indo à delegacia. O carro do acusado foi escoltado pelos PMs até à 106aDP, onde a ocorrência foi registrada. Em depoimento no dia do acidente, Pedro Mark alegou que não parou o veículo pois teve medo de ser agredido.

No dia seguinte as duas vítimas foram sepultadas, em um mesmo túmulo no Cemitério Municipal. A morte das duas amigas causou comoção entre moradores da cidade. (JC)

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